China Blue - Resenha crítica do documentário que é um alerta aos novos modelos de trabalhos flexíveis

China Blue - Resenha crítica do documentário que é um alerta aos novos modelos de trabalhos flexíveis

FICHA TÉCNICA

Título: China Azul
Título original: China Blue
País: Estados Unidos da América (EUA)
Direção: Micha X. Peled
Duração: 87 min
Ano: 2005
Lançamento : 2008


AS FACES DO PROCESSO PRODUTIVO


A precarização do trabalho é uma problematização em ascensão, à medida que o neoliberalismo amplia seus mecanismos de exploração e ofensiva em busca da ampliação do lucro. Em vista disso, o documentário China Blue, apresenta essa realidade a partir do recorte da exploração do trabalho no contexto da China, evidenciando à insalubridade e as condições desgastantes exposta ao trabalhador. 

Ao nos livrarmos da subserviência aos senhores feudais, de rompermos as correntes escravistas e clamarmos vigorosamente por liberdade, pensamos erroneamente que à igualdade e fraternidade iria instaura-se. Contudo, em pleno século XXI, à disparidade entre a burguesia e proletariado acentua-se gradativamente, nesse momento, transvestida na relação de patrão e empregado, estrutura essa manifestada por Marx (1999).

O Documentário China Blue, evidência duas faces no processo de produção: a dos trabalhadores, indivíduos explorados que se sujeitam a condições precárias para garantir o mínimo de sua subsistência; e a dos empresários, que cada vez mais ampliam o mecanismo de exploração dos indivíduos em função do lucro, flexibilizando essas relações e criando as condições do precariado, assim como pontua Braga (2012).

Imagem: Reprodução

Essas Fábricas de suor representa condições extremas do trabalho, as quais, são desfavoráveis ao trabalhador. Em a política do precariado do populismo à hegemonia lulista, Braga (2012), apresenta que na linha da precarização estão principalmente as mulheres, jovens e os grupos étnicos minoritários. No contexto da China, em específico, a situação acentua-se por questões culturais, cuja quais, as mulheres na sociedade chinesas são desvalorizadas. Nesse caso, elas são mais suscetíveis a aceitar o estado precário do trabalho, dado que, para elas é uma maneira de compensar os pais por nascerem meninas, e poder não ser um “peso” para eles. Evidenciando assim à influência das categorias de raça e gênero na relação do trabalho (Hirata, 2016).

A busca por mão de obras baratas para reduzir o custo de produção pelas grandes corporações obrigam os terceirizados a desrespeitarem as leis básicas internacionais do trabalho para dar conta do serviço. O poder de barganha das grandes corporações os possibilitam a negociar preços cada vezes menores, devido à precariedade que se encontram os trabalhadores; eles são obrigado a aceitar essas condições, se não fecham e perdem o pouco que tem, ou seja, quem paga essas despesas são os trabalhadores (Dedecca,2009). 

Ademais, em outra perspectiva, alguns pensadores liberais como Skarbek (2016), argumentam que essa forma de trabalho é algo positivo, visto que, antes esses indivíduos estavam fadado ao limbo, porém, agora teria uma oportunidade de sobrevida. O cômico dessa análise, é que ratifica o argumento dos detentores do poder, no qual, justificam que estão ajudando esses pobres coitados, e esses deveriam ser grato. Contudo, como exibido, esse discurso falacioso esconde que o verdadeiro intuito: reduzir os custos de produção e aumentar o lucro. Como colocado na narrativa do filme, os empregado é desprezado nesse processo.

Sendo assim, o documentário promove um alerta aos novos modelos de trabalhos flexíveis, estes truculentos e precários, análogos à condições escravistas. Portanto, é válido indagar à seguinte reflexão: será que os consumidores dos produtos tem a mínima noção de quem as produzem? E se soubessem, será que continuariam consumindo os mesmos por possuírem o preço mais atrativo no mercado? és uma questão a ser constantemente enfatizada. Desse modo, o fetichismo da mercadoria e o consumismo exacerbado como posto por Marx (1999), tem que ser constantemente indagado, para que possamos romper e pensar novas alternativas de cunho inclusivo, equitativo e apropriado às condições humanas.

Assista:




Referências:

DEDECCA, Claudio Salvadori.Flexibilidade e regulação de um mercado de trabalho precário: A experiência brasileira. In: GUIMARÃES; Nadya A.; HIRATA, Helena; SUGITA, Kurumi.(Ed.)Trabalho flexível, empregos precários?. São Paulo: Editora da universidade de São Paulo, 2009. 

HIRATA, Helena. Globalização e divisão sexual do trabalho num perspectiva comparada. In:GUIMARÃES, Nadya Araújo. Trabalho flexível, empregos precários? São Paulo: Editora da USP, 2009. pp. 145-168

MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. 9º. ed.Petrópolis, RJ: Vozes,1999. pp.07-20.

BRAGA, Rui. A política do precariado – do populismo à hegemonia lulista. São Paulo: Boitempo, 2012. pp. 182 - 204.